Por Marcelo Lopes
Vitória da Conquista, segundo
o censo do IBGE de 2010 tem 310.129 habitantes, sendo a terceira maior cidade
do estado e influencia facilmente do ponto de vista econômico e cultural cerca
dois milhões de pessoas. Sua forte característica de atividades voltadas
principalmente para o comércio de bens e serviços (tendo destaque inclusive no
setor educacional), põe a cidade no foco de inúmeros investimentos, acelerando
o fluxo de pessoas que transitam e consomem o que aqui é oferecido.
É perceptível que a dinâmica
das atividades culturais nos últimos dez anos tem tomado um porte considerável.
Música, teatro, dança, audiovisual, manifestações da cultura tradicional,
eventos de grande porte, iniciativas individuais e coletivas, premiações em
seleções públicas de editais em todo o Brasil para a realização de ações
culturais. Tudo isso pressupõe profissionais capacitados, mas principalmente
estruturas adequadas para dar sustento a gama de atividades que vem crescendo e
dando espaço a novas frentes da economia criativa na região.
Mas não exatamente assim que
isso acontece.
O município ainda hoje
enfrenta o impasse de questões fundamentais: não dispõe efetivamente de um
Cento de Convenções (embora esta seja uma necessidade gritante não apenas nas
atividades culturais, fazendo com sejam usados espaços alternativos quase
improvisados); não conta com equipamentos públicos de cultura no lado oeste da
cidade (não vale contar o SESC, que é uma entidade privada), sinal de um
estigma ainda presente numa cidade cortada ao meio pela BR 116; não tem um
aeroporto compatível com a demanda de uma economia polarizante (e as discussões
sobre isso vêm ocupando mais os discursos político-partidários do que os encaminhamentos
efetivos para a construção de uma nova estrutura, muito embora a sociedade
civil se movimente e muito para que isso se concretize rapidamente).
Num cenário em que as
necessidades de suporte para a cultura são gritantes é incompreensivel que questões
como a implantação do Centro Cultural Banco do Nordeste do Brasil fique
relegada a discussões tão pobres, desviando a atenção de temas mais importantes
para polêmicas fora do eixo. Isso vem atrasando o processo e nos privando de um
espaço privilegiado para a Cultura. Por isso, seguem algumas informações básicas:
-
Por estar sendo cedida pela administração municipal (entidade pública) para o
BNB (outra entidade pública) para construção do CCBNB, a Praça Sá Barreto será
adotada e beneficiada com espaços de lazer, ciclovias, parques e jardins,
otimizando os espaços da área que hoje é extremamente subutilizada;
-
O CCBNB será a primeira edificação do Programa construído especialmente para
este fim no Brasil e por isso terá uma dinâmica arquitetônica muito bem pensada
(sem precisar de adaptações como em outros lugares). Contará com anfietatro,
galeria de exposições, uma biblioteca especializada em temas culturais, além de
se tornar um espaço de convívio de excelência no município;
-
As programações devem privilegiar a circulação de produção cultural de todo o
nordeste, levando e trazendo talentos de diversas áreas para se apresentarem no
CCBNB, com foco no acesso democrático a todos em Vitória da Conquista.
Deixo
aqui meu apoio pessoal à iniciativa, consciente de que não haverá projeto algum
que se materialize de forma ideal, mas que sua efetiva realização
potencializará o que já existe, dando trânsito a inúmeras expressões artísticas
locais e de todo o Nordeste.
Cultura
é um direito real de todos para sua efetiva realização e participação. Vai
muito além do que a sensação que alguns têm de se tratar de uma concessão
político-partidária a talentos pulverizados por aí, moldados para o
entretenimento da população.
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