segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Um pouco de antropofagia para hoje

"Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.

Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.

(...)
Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará. 

Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós. 

(...)
Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. 

(...)
Só não há determinismo, onde há mistério. Mas que temos nós com isso?"

(Oswald de Andrade - Manifesto antropofágico/1928)


quinta-feira, 20 de outubro de 2005

Andei ouvindo...

(...)

E alguém igual não há de ter
Então quero mudar de lugar, eu quero estar no lugar
Da sala pra te receber
Na cor do esmalte que você vai escolher
Só para as unhas pintar
Quando é que você vai sacar
Que o vão que fazem suas mãos
É só porque você não está comigo
Só é possível te amar...
Seus pés se espalham em fivela e sandália
E o chão se abre por dois sorrisos
Virão guiando o seu corpo que é praia
De um escândalo charme macio
Que cor terá se derreter?
Que som os lábios vão morder?
Vem me ensinar a falar
Vem me ensinar ter você
Na minha boca agora mora o teu nome
É a vista que os meus olhos querem ter
Sem precisar procurar
Nem descansar e adormecer
Não quero acreditar que vou gastar desse modo a vida
Olhar pro sol só ver janela e cortina
No meu coração fiz um lar
O meu coração é o teu lar
E de que me adianta tanta mobília
Se você não está comigo
Só é possível te amar
Ouve os sinos, amor
Só é possível te amar
Escorre aos litros, o amor


(Composição: Nando Reis)

belas palavras...

"Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança

Em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será


Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras momento


Palavras, palavras
Palavras, palavras
Palavras, ao vento"

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

"impossível, impossível vc diz..."

O que são
Dez contra um?
Cem contra meio?
Milhares contra mim?

Como se acha Uma ponta de agulha
Disfarçada de feno
No meio de um
Imenso palheiro?

Como se acerta
O ângulo
Mais agudo de um
Quarto redondo?

O que é de fato improvável?
Não se explica
Uma canção de milênios,
Ser cantada no
Parque infantil
Como uma novidade de ontem.

Nem que a agulha se ache fácil
Ou o ângulo seja onde esteja sentado.
O que é improvável,
Se fui surpreendido
Com a improbabilidade
De conhecer
Improvavelmente?

O que são milhares
De improbabilidades
Contra um
Se esse um existe?

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Faltam dias

Faltam dias no calendário...

Não é possível que não estejam faltando. Parece inacreditável que não estejam. (O frio na barriga é inacreditável).

Há algum tempo percebi que os dias são curtos demais, deviam ter pelo menos 28 horas cada. O tempo tem tido uma relação estranha comigo. Nem ele nem eu nos entendemos bem nos últimos tempos. Às vezes eu não o suporto, às vezes ele me dá um tiro no escuro.

Mas nos últimos dias, ele tem sido generoso... Logo quando eu ahava que sua pirraça seria intragável.

Não que eu esteja fazendo as pazes com ele. Mas parece que estamos em trégua... Não vou dizer que tenho achado isso bom...Mas elogiar, isso também não faço.

Assim também é demais também.