sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Coisas recentemente antigas

Andei lendo coisas recentemente antigas.
Nelas encontrei coisas de que me orgulho, outras nem tanto...
Resgatei hoje um momento, desses que a gente chama de felizes por nada.

Escrevi isso para alguém e foi importante por tudo.

------------------------------


Numa dessas tardes
Ainda laço um passarinho.
Não por maldade
Nem pra cercear-lhe
A vontade,
Liberdade primeira
De ir e vir.

Nem pensar,
Colocá-lo ali
A me servir.

Para pedir-lhe
Uma carona.
A corda, então
Serve apenas
De pendão,
Um balanço talvez,
Onde me penduraria
E ao céu
Alcançaria em
Tão suave companhia.

Claro, argumentaria.
Não se obriga ninguém
A agüentar tamanha
Tralha em plena luz do dia.

Não pensemos nas proporções
Estamos na escrita
Onde imperam outras liberdades
E dela não se tiram
Certos tipos de lições.

Mas se peso importa
Garanto que sou leve,
Ou que, pelo menos,
Não haja
Ninguém tão leve
Quanto possa avalizar
Meu coração,
De carimbo
E tudo seguro à mão.

E se esse favor
Tal passarinho
Me fizer,
Por amor qualquer,
É possível
Que estando eu
Tão perto do
Meu destino
Que possa eu mesmo,
E forma voluntária,
Levá-lo
Pelo ar.

Desatino?
Nada.
Desarmo em todos
Qualquer lógica contrária
Basta que
Me vejam sorrindo.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Oba, oba Charles!

Como é que que é my friend Charles? / Como vão as coisas Charles?


O ALBATROZ


Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navio a singrar por glaucos patamares.

Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
As asas em que fulge um branco imaculado.

Antes tão belo, como é feio na desgraça
Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com o cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!

O Poeta se compara ao próncipe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado no chão, em meio à turba obscura,
As asas de gigante impedem-no de andar.


Charles Baudelaire


terça-feira, 3 de janeiro de 2006

Tchau... e tenha um Bom Dia noite!

Incrível como ficar sem dormir é, às vezes, uma opção pela falta de sono e insônia simultaneamente. Explico: não há sono e o fervilhar da criatividade na madrugada fica solto, desperto entre os sons da noite... Tb não há insônia, pq a opção do sono é consciente, e se dormir for a bola da vez, é fechar os olhos e entregar-se a um prazer onírico qualquer.

Pq tudo isso agora? Pq o sol nasceu pela janela atrás de mim e nem percebi...