sábado, 30 de junho de 2012

O Cinema de Vitória da Conquista: cem anos homenageados em vinte

Por Marcelo Lopes
Cercada por um muro simples, coberto com palhas de coqueiro, o primeiro espaço de exibição de Vitória da Conquista tinha um o cinematógrafo manual com um aparelho gerador da luz do projetor à carboreto. Era 1912 e a casa de exibição de propriedade do Sr. Jacinto Sampaio, na Travessa Coronel Pompílio, atual Zeferino Nunes, inaugurava uma era importante da sociabilidade conquistense.
A magia daquele cinema, ainda mudo, formou gerações inteiras. Os demais espaços que se seguiram a partir de 1917 (Cinema Jurandyr, o Cine Iris, Cinema Ideal, Odeon Cinema, Cine Conquista), foram fundamentais para a fixação de uma atividade cultural que congregava famílias mais diversas; dos mais humildes aos mais ilustres, com ingressos que variavam de um a dois mil réis para adultos e a metade para os de menor idade, de acordo a espécie do filme a ser exibido.
Vitória da Conquista chegou a ter cinco salas de cinema funcionando de vento em polpa - e simultaneamente - na década de 1970: Riviera, Glória, Eldorado, Madrigal e Trianon. Afetados pela nova conjuntura nacional e mundial, um a um estes cinemas de rua foram fechados, tendo seus espaços transformados em comércio ou igrejas evangélicas. Isto devido principalmente a mudança da relação do espectador com o filme, seja pela popularização dos suportes técnicos de exibição como o vídeo cassete, seja pela transformação no perfil de consumo de cinema em salas de exibição voltadas para a dinâmica dos shoppings centers.
Exatos oitenta anos após a primeira sala de cinema em Conquista e depois das experiências de cineclubes como o Glauber Rocha, na década de 1970, do próprio Glauber como cineasta internacionalmente reconhecido, e de inúmeras tentativas de manter a paixão de cinema viva em experiências coletivas e individuais, nascia no final de 1992, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, o Programa Janela IndiscretaCine-Vídeo Uesb. A iniciativa se inaugurava pela inquietação cinematográfica de dois técnicos administrativos da instituição, Jorge Melquisedeque e Esmon Primo. Curiosamente, a ideia não surgia, como se poderia esperar dentro de uma universidade, pela proposição de alguma iniciativa acadêmica e sim pelo notório saber de cinéfilos em ação. Essa característica demonstrou, desde sempre, a essência de uma experiência movida pela paixão e reconhecimento do valor social da sétima arte. Ao longo do tempo a prática que se tornou projeto alcançou importantes marcos na história recente do audiovisual conquistense.
Faço um parêntese aqui porque é impossível para mim falar de forma distanciada deste ponto em diante. Fui frequentador assíduo do Janela desde 1992 e, em 1994, passei a integrar o Programa. De 1996 a 2007 participei com membro da equipe coordenadora ao lado de Jorge, Esmon, Milene Gusmão, Raquel Costa e Euclides Mendes, além de Alzilene Silva, Eliana Mendes, Michelly Antunes, Lino, Henrique, Eduardo Eugênio e Georgen, somente para citar alguns de meus contemporâneos. Muitas outras pessoas integraram o projeto em todos estes anos e seria grande a lista para enumerar. Em comum, no entanto, a mesma paixão e inquietude em relação ao cinema.
De um projeto inicialmente ancorado apenas na extensão acadêmica, o Janela se desdobrou naturalmente em ações de ensino e pesquisa, estendendo suas potencialidades. Colabora hoje com conquistas formidáveis nos programas de graduação (possibilitando, inclusive, a criação do curso de Cinema e Audiovisual em 2010) e pós-graduação da instituição, graças, sobretudo, ao olhar atento de sua coordenadora geral, Milene Gusmão. O Janela alcançou o respeito e a admiração em todo o país pelas suas inúmeras contribuições para a formação de multiplicadores das ideias do cinema e do audiovisual como fonte de conhecimento e espaço de debates importantes nas mais diversas manifestações da economia da cultura, além de se tornar referencial de formação de público, sobretudo para o cinema brasileiro.
Este ano, no dia 27 de Novembro, o Janela Indiscreta Cine-Vídeo Uesb faz vinte anos ao lado do centenário da história do cinema em Vitória da Conquista. Uma celebração pessoal para muitos e abrangentemente rica para toda uma região que pode experimentar o olhar generoso sobre uma arte e uma prática reveladora da nossa própria identidade e potencialidades.
Convido-os a comemorem conosco com este mesmo olhar generoso sobre tudo o que se pode aprender com o cinema.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Cursos GRATUITOS de elaboração de projetos na Bahia / QUALICULTURA

O Sebrae e a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia entram em cena pela qualificação e profissionalização da Economia Criativa da Bahia.

Fiquem atentos às inscrições da sua cidade. Participem!


Carta de Compromissos com a Cultura / Eleições 2012

Texto retirado do Blog http://marvadacarne.wordpress.com

Amigos do Audiovisual e da Cultura Brasileira;

Na sua última reunião, o Conselho Consultivo da Frente Parlamentar Mista Em Defesa da Cultura aprovou proposta da elaboração de um documento que estamos denominando de “Carta de Compromissos com a Cultura”. O documento contempla 14 compromissos com o setor cultural que pretendemos sejam publicamente assumidos pelos candidatos aos executivos e legislativos municipais que participarão das eleições deste ano.
Por seu caráter nacional, a Carta contempla apenas propostas de compromissos comuns a todos os segmentos do mundo da cultura e/ou capazes de impactar o maior número de municípios possíveis.
Neste contexto, o CBC / Congresso Brasileiro de Cinema está divulgando este documento, solicitando subscrições através do envio de mensagens para o endereço eletrônico


registrando em seu cabeçalho COMPROMISSOS.

E informando no corpo da mensagem:

No caso de entidades:
Nome da entidade, esfera de atuação (municipal, estadual ou nacional) e cidade e estado sede das atividades;

No caso de pessoas físicas:
Nome, profissão e cidade e estado;

Após a coleta de subscrições o documento final será encaminhado ao Conselho Consultivo da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura para aprovação definitiva e divulgação nacional.

Certos do apoio de toda a comunidade audiovisual e cultural brasileira, agradecemos antecipadamente.
Viva a Cultura e o Povo Brasileiro!
País rico é um país que valoriza a sua cultura!

Grande abraço;

João Baptista Pimentel Neto
Presidente do CBC / Congresso Brasileiro de Cinema


“Carta de Compromissos com a Cultura / Eleições 2012”

Senhores e Senhoras Candidato(a)s;

Patrimônio maior do povo e da nação, a criatividade artística e a diversidade cultural brasileira, ainda hoje, e apesar dos avanços verificados ao longo da última década, não recebem da parte da classe política toda a atenção e o apoio necessários ao pleno desenvolvimento de seu imenso potencial, inclusive econômico.
Tal situação fica clara ao constatarmos que apesar dos invariavelmente elogiosos discursos e das promessas de apoio ao setor, que há décadas são feitas às entidades culturais e aos trabalhadores da cultura, especialmente, durante os períodos eleitorais, infelizmente, o setor não conseguiu até o momento sequer ver aprovados pelo Congresso Nacional alguns poucos projetos e emendas constitucionais fundamentais ao estabelecimento dos marcos legais para a implementação das políticas públicas de cultura que foram consensualmente aprovadas nas duas Conferências Nacionais de Cultura realizadas nos últimos anos, com ampla, abrangente e representativa participação de todos os setores da cultura.
É neste contexto, e considerando que no próximo dia 3 de outubro todos os brasileiros e brasileiras devem comparecer às urnas para votarem e elegerem aqueles que durante os próximos anos serão responsáveis pelo comando dos executivos e legislativos municipais, é que nós representantes das entidades culturais e trabalhadores da cultura abaixo assinados, apresentamos aos candidatos e candidatas, esta “Carta de Compromissos com a Cultura”, solicitando que também o subscrevam, assumindo publicamente estes COMPROMISSOS COM A CULTURA BRASILEIRA!

CARTA DE COMPROMISSOS COM A CULTURA
Nós, representantes das entidades culturais, trabalhadores e militantes da cultura, candidatos e candidatas aos executivos e legislativos municipais e demais subscritores deste documento, assumimos publicamente o compromisso em apoiar e trabalhar pela aprovação das matérias legislativas e pela implementação das propostas abaixo relacionadas, fundamentais à preservação dos nossos patrimônios culturais materiais e imateriais e das identidades e diversidades culturais brasileiras, à implementação de políticas públicas democráticas, federativas e republicanas de fomento à produção, difusão e acesso universal aos bens culturais, ao pleno exercício da cidadania e à garantia de ampla liberdade de expressão e respeito a todos os demais dos direitos humanos:

COMPROMISSOS
1) Compromisso de apoio à imediata aprovação da PEC 150/2003, que torna obrigatória a aplicação pelos municípios de 2% dos recursos orçamentários na Cultura; e que, independentemente de sua aprovação, seja tal percentual de recursos, seja contemplado nas leis municipais relacionadas ao Plano Plurianual, de Diretrizes Orçamentárias e, garantido este percentual de recursos, já a partir do orçamento municipal elaborado para o ano de 2014; 
2) Compromisso com a criação e/ou manutenção e fortalecimento dentro da esfera da administração municipal de secretarias (em cidades acima de 50.000 hab.) e/ou diretorias (em cidades com menos de 50.000 hab.) municipais específicas para a gestão da cultura;
3) Compromisso com a criação e/ou manutenção e fortalecimento de Conselhos Municipais de Cultura paritários, conforme disposto no projeto de criação do SNC / Sistema Nacional de Cultura recentemente aprovado pela Câmara dos Deputados;
4) Compromisso com a criação e implantação  e/ou manutenção e fortalecimento de Leis Municipais de Incentivo a Cultura e de Fundos Municipais de Cultura, geridos através de Comissões Gestoras Paritárias exclusivamente eleitas para este fim;
5) Apoio a aprovação pelo Congresso Nacional do Projeto que institucionaliza o Programa Cultura Viva (pontos de cultura) e compromisso com sua implantação na esfera da administração municipal, através de conveniamento, conforme previsto no programa Mais Cultura;
6) Apoio e compromisso com o fortalecimento do programa de Ação Cine+Cultura, através da implantação de cineclubes, especialmente nas localidades com menos de 100.000 habitantes nas quais não existam salas comerciais de exibição;
7) Apoio a imediata aprovação pelo Congresso e compromisso com a posterior implantação do projeto de lei que torna obrigatória a exibição de produções audiovisuais brasileiras na rede municipal de educação;
8) Compromisso com a implantação do ensino de música e das artes na esfera da rede municipal de educação, conforme determinado pela legislação vigente;
9) Compromisso com a implantação dentro da grade curricular do ensino na esfera da rede municipal de educação da cultura afro brasileira, conforme determinado pela legislação vigente e também, das culturas indígenas;
10) Compromisso com a implantação de programas de acesso gratuito à internet – Banda larga Para Todos;
11) Compromisso da implantação e/ou manutenção com apoio financeiro da administração municipal de rádios e TVs Comunitárias, geridas por associações de entidades usuárias;
12) Compromisso da implantação e/ou manutenção e fortalecimento de Bibliotecas Públicas Municipais (inclusive através da ampliação e atualização de acervos) e Tele Centros;
13) Compromisso com a implantação e/ou manutenção e fortalecimento de políticas públicas de preservação de patrimônios históricos materiais e imateriais, bem como de patrimônios naturais e ambientais;
14) Compromisso com a implantação e/ou manutenção e fortalecimento de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do setor da economia criativa e solidária;

Brasília, junho/julho de 2012
CBC / CONGRESSO BRASILEIRO DE CINEMA

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Quadrinho a Quadrinho: 24 Vezes por Segundo


Por Marcelo Lopes

Quando me falam sobre adaptações de quaisquer obras para o cinema sempre me lembro dos bodes. Dois bodes no campo comiam um filme cinematográfico. A certa altura um diz para o outro: “o que você acha desse aqui?” – pensativamente o outro responde, “prefiro o livro”.
Sobre isso, há sempre que reclame sobre um filme A ou B e ainda há quem diga que nenhum filme consegue superar a história original. Na verdade, tirados de livros ou de outras fontes de inspiração, as adaptações têm sim seu lugar. Basta olhar para os maiores lançamentos do cinema norte-americano nos últimos anos e pode-se observar que um filão muito bem explorado tem sido os filmes baseados em personagens dos quadrinhos. A lista é longa: somente em 2011 nos vimos às voltas com o Deus do Trovão (Thor, de Kenneth Branagh), a nova saga dos mutantes (X-Men – Primeira Classe, de Matthew Vaughn), o bárbaro da Siméria (Conan, de Marcus Nispel), o grande escoteiro dos EUA (Capitão América, de Joe Johnston), o cavaleiro esmeralda (Lanterna Verde, de Martin Campbell), além de um bando de duendezinhos azuis, alguns robôs automotivos e um ursinho laranja que saíram dos quadrinhos e viram sucesso de TV nas década de 80 e 90: Os Smurfs, (Colin Brady), Transformers 3 (Michael Bay) e Ursinho Pooh (Stephen J. Anderson/ Don Hall). Tudo isso em um só ano. Em 2012, os destaques ficam a cargo de Homens de Preto 3, Os Vingadores e da versão teen do Homem Aranha.
Claro que nem tudo vale o que vende. A primeira regra de uma adaptação é respeitar a linguagem: cinema não é literatura nem é história em quadrinhos e vice-versa. Cada um tem seu ritmo, sua característica, seu tempo narrativo, seus detalhes relevantes. Não se pode esperar que uma obra adaptada seja tão boa ou melhor que o original, até mesmo porque a matéria-prima de ambos tem desdobramentos diferentes. Na literatura a imaginação segue a mão e o suor do seu autor, com os objetivos de quem escreve. No cinema, as variáveis são muito maiores e os interesses infinitamente diversos; do agente de determinado superstar ao produtor de uma grande companhia, do roteirista habilidoso (ou não) ao chefe de marketing que quer vender os bonequinhos e camisetas do filme.
O que de fato nos importa de fato como espectadores é o rol de bons filmes e de outras tantas barbaridades que nos são apresentadas nos últimos anos. E como estamos falando de Quadrinhos, aí vai a minha lista dos piores e melhores filmes.

PIORES
- O JUSTICEIRO (1989) – Um desgosto. O personagem, um dos mais ricos anti-heróis psicóticos dos HQ’s, virou piada e se tornou irreconhecível na pele do ator Dolf Lundgren (na época, ainda famoso pela sua atuação em Rocky IV). Canastrão e mal produzido, o filme não convence com os personagens, com o ator e sequer faz jus a história original. Não vou nem falar do que o loirão fez com He-Man (Masters of the Universe).

- O FANTASMA (1996). Depois de amargar um longo tempo sendo um dos amiguinhos sem nome de Beef Tennen, na trilogia “De Volta para o Futuro” e fazer algum sucesso como vilão em Titanic, Billy Zane emprestou o rosto ao velho herói-título do filme, assassinando a memória de muitos leitores. O filme, de bilheteria muito ruim, não emplacou nem aos mais generosos que nem conheciam o personagem da época dos quadrinhos. Billy Zane, depois disso, não consegue mais nem o antigo papel na gang do Beef.

- DEMOLIDOR – O Homemsem Medo (2003). Nem cinema nem HQ, a linguagem do filme é um híbrido estranho que não consegue se aproximar da aura sombria do herói-cego que faz justiça com as próprias mãos, nem consegue emplacar boas interpretações dos atores (que ironicamente são bons, como Bem Affleck, Jennifer Garner e Colin Farrell). Miscelânea de sei-lá-o-quê, o filme tem cenas de luta que perdem para Jaspion em convencimento e uma história sem consistência.
- HULK (2003/2008) – Não sei bem onde fica a referência que os roteiristas para adaptarem os HQ’s, mas o Hulk, protagonizado por Eric Bana, consegue misturar tanta coisa que a história se perde no meio dos seus efeitos e torna o Dr. Bruce Banner filho de um dos seus piores inimigos nos quadrinhos (coisa que nunca aconteceu nas histórias). A continuação peca menos na história original, mas tem pérolas, como brasileiros com sotaque espanhol e coisas do gênero. Melhor deixar pra lá... É tudo muito incrível.

- BATMAN E ROBIN (1997) – depois de uma brusca queda de qualidade nas sequências dos filmes de Batman (iniciadas com ótimo Batman, de Tim Burton), essa pérola é o auge de muita perda de tom. Além de atuações horripilantes, personagens sem um mínimo de conteúdo e da gratuidade das ações dos personagens, a história do homem-morcego se assemelha mais ao seriado Batman dos anos 60 (com o barrigudo Addam West) que com o clima mais sombrio que consagrou o herói nos quadrinhos.

MELHORES
- HOMENS DE PRETO (1997/2002/2012) – Para quem não sabe, as histórias impagáveis dos homens de terno preto saíram dos quadrinhos para cair no gosto popular com duas ótimas produções (indo para a sua terceira em 2012). A produção muito bem bolada, não cai no uso dos recursos somente para encobrir um roteiro fraco;  divertido, inteligente e protagonizado por dois atores de primeira linha, o filme promete também na sua próxima sequência.

- BATMAN Begins (2005/2008) – o Diretor Christopher Nolan redime a saga do cavaleiro das trevas com duas ótimas adaptações, trazendo para a tela do cinema um filme de ação intrincado, que faz passar longe a noção de que as histórias dos quadrinhos não podem ter peso dramático. Em ambos (não recomendadas para crianças, diga-se), a atmosfera densa e a virulências dos personagens valem cada minuto sentado em frente a tela. Nota dez (in memorian) para Heath Legder como o melhor Coringa do cinema (que me desculpe Jack Nicholson).

- 300 (2007) - dirigido por Zack Snyder, baseado na obra de Frank Miller, “Os 300 de Esparta”, o filme é a reconstrução do HQ em cinema, nos termos de uma transposição de linguagem inteligente e astuta. Usando de filtros que fazem lembrar as pinturas do artista Frank Miller, filtros de luz e muito Chroma Key, a história da resistência do Rei Leônidas e suas três centenas de soldados para manter os incontáveis guerreiros persas fora do território grego, resgata na raiz o sentido épico da história de Miller.

- WACHTMEN (2009) – Baseada na Graphic Novel homônima de Alan Moore e Dave Gibbons, o filme foi um desafio de duas décadas para a obra dos quadrinhos mundialmente premiada: nenhum conseguia encarar Rorschach e os outros anti-heróis da história sem dar a cara à tapa aos milhões de fãs da história, espalhados mundo afora. Tudo isso porque, além de complexa, repleta de intertextos e histórias paralelas, a narrativa mantinha uma unidade dramática e estética marcante; o risco de fazer perder o que tornava a história uma obra prima poderia se perder em dois tempos. Outro ponto para Zack Snyder, que aceitou o desafio e o resultado foi impressionante. Para quem não viu, recomendo ver os dois, o HQ e o filme.

- Sin City - A Cidade do Pecado (2005) – dirigido por nada menos que Frank Miller (autor da obra em quadrinhos), Quentin Tarantino, Robert Rodriguez, o filme mantém traços integrais da Graphic Novel: o contraste de preto e branco e a incursão de algumas cores adicionais como o vermelho e amarelo; a narrativa suja dos pulp fiction (livro de bolso com histórias policiais, repletas de sexo e anti-heróis ao estilo noir). Ágil, frenético, plasticamente impressionante e impressionável, o filme mantém a estética dos quadrinhos como um homenagem a esta arte sem esquecer que está fazendo cinema.

A lista tende sempre a ficar imensa, se olharmos o que já foi feito e o que já existe de promessa pela frente. Torçamos pelo menos para que vençam os melhores.