Por Marcelo Lopes
“Havia
achado, sempre, que morrer de amor não era outra coisa além de uma licença
poética. Naquela tarde, de regresso para casa outra vez, sem o gato e sem ela,
comprovei que não apenas era possível, mas que eu mesmo, velho e sem ninguém,
estava morrendo de amor. E também percebi que era válida a verdade contrária:
não trocaria por nada neste mundo as delícias do meu desassossego.”
O trecho é de uma das mais doces passagens do livro “Memória de Minhas Putas Tristes”, de Gabriel Garcia Márquez. O escritor colombiano recebeu
o Nobel de Literatura de 1982 pelo conjunto de
sua obra, que entre outros inclui os aclamados livros Cem Anos de Solidão, Amor nos Tempos do Cólera
e Crônica de uma Morte Anunciada. O autor foi responsável por criar o realismo
mágico na literatura latino-americana.
Gabito, como também é conhecido, se aposentou da produção Literária em 2009,
quando foi diagnosticado com uma doença degenerativa, que em nada lhe afeta
fisicamente, mas ironicamente, passou a lhe tirar a memória, fonte da criação
de personagens inesquecíveis da literatura universal.
Em 2011, Memória de
minhas Putas Tristes foi tomado pelas mãos do diretor dinamarquês HenningCarlsen, trazendo para as telas a história o cético El Sabio, que às vésperas
de completar 90 anos resolve se dar como presente uma noite de
amor com uma adolescente virgem, aquela que viria a ser a sua "delgadinha". O velho jornalista de um pequeno povoado do
México vê-se, assim, enredado nas sutilezas de um envolvimento construído na
ternura, levando-o, no final da vida, para uma fronteira até então
desconhecida: a paixão.
O filme não se situa na
fidelidade à obra nem numa leitura livre da história do escritor, e, ao optar
pelo meio termo, pelo meio termo mesmo se classifica: nem ruim nem bom. Para aqueles
que não conhecem a obra de Gabriela Garcia Márquez, o filme oferece uma
narrativa relativamente atrativa e cercada de piadinhas bem colocadas, mas
passa longe do virtuosismo e leveza dos textos do escritor, se perdendo em tentativas
de linguagens que não convencem e flashbacks aos montes.
De fato, vale a dica
para os que ainda não leram a obra do colombiano como uma introdução a este
universo de textos mágicos, repletos de nuanças entre o céu e a terra, muito
além do que soube captar essa vã adaptação.
O seu comentário é compatível com o que penso sobre o filme, Tchelos.
ResponderExcluirÉ uma pena que uma obra tão boa fique restrito a um filme tão limitado, Beto. Mas Gabriel Garcia Márquez não é pra qualquer doido filme, né? hehehe
ResponderExcluirBaixar o Filme - Memória de Minhas Putas Tristes - Baseado no romance de Gabriel García Márquez - http://mcaf.ee/e6oyu
ResponderExcluir