segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Memória de Minhas Putas Tristes agora é filme


Por Marcelo Lopes

Havia achado, sempre, que morrer de amor não era outra coisa além de uma licença poética. Naquela tarde, de regresso para casa outra vez, sem o gato e sem ela, comprovei que não apenas era possível, mas que eu mesmo, velho e sem ninguém, estava morrendo de amor. E também percebi que era válida a verdade contrária: não trocaria por nada neste mundo as delícias do meu desassossego.” 


O trecho é de uma das mais doces passagens do livro “Memória de Minhas Putas Tristes”, de Gabriel Garcia Márquez. O escritor colombiano recebeu o Nobel de Literatura de 1982 pelo conjunto de sua obra, que entre outros inclui os aclamados livros Cem Anos de Solidão, Amor nos Tempos do Cólera e Crônica de uma Morte Anunciada. O autor foi responsável por criar o realismo mágico na literatura latino-americana. Gabito, como também é conhecido, se aposentou da produção Literária em 2009, quando foi diagnosticado com uma doença degenerativa, que em nada lhe afeta fisicamente, mas ironicamente, passou a lhe tirar a memória, fonte da criação de personagens inesquecíveis da literatura universal.

Em 2011, Memória de minhas Putas Tristes foi tomado pelas mãos do diretor dinamarquês HenningCarlsen, trazendo para as telas a história o cético El Sabio, que às vésperas de completar 90 anos resolve se dar como presente uma noite de amor com uma adolescente virgem, aquela que viria a ser a sua "delgadinha". O velho jornalista de um pequeno povoado do México vê-se, assim, enredado nas sutilezas de um envolvimento construído na ternura, levando-o, no final da vida, para uma fronteira até então desconhecida: a paixão.

O filme não se situa na fidelidade à obra nem numa leitura livre da história do escritor, e, ao optar pelo meio termo, pelo meio termo mesmo se classifica: nem ruim nem bom. Para aqueles que não conhecem a obra de Gabriela Garcia Márquez, o filme oferece uma narrativa relativamente atrativa e cercada de piadinhas bem colocadas, mas passa longe do virtuosismo e leveza dos textos do escritor, se perdendo em tentativas de linguagens que não convencem e flashbacks aos montes.

De fato, vale a dica para os que ainda não leram a obra do colombiano como uma introdução a este universo de textos mágicos, repletos de nuanças entre o céu e a terra, muito além do que soube captar essa vã adaptação.


3 comentários:

  1. O seu comentário é compatível com o que penso sobre o filme, Tchelos.

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  2. É uma pena que uma obra tão boa fique restrito a um filme tão limitado, Beto. Mas Gabriel Garcia Márquez não é pra qualquer doido filme, né? hehehe

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