No meio de um monte de histórias
malucas que vez ou outra me saltam a mente, algumas delas praticamente vem
sozinhas.
Personagens que já nascem feitos,
cheios de si e de uma personalidade tão forte que eu quase me sinto usado. No
meio disso tudo, sou só o cara que escreve e de vez em quando recebe algum
trocado de alguns desses personagens pra não fazer greve...
Um dia desses, vcs vão ver, eu ainda
tomo coragem e reivindico deles minha carteira assinada.
Eis o Barba..............
Matei minhas sete esposas
Quero crer que apresentar-me será de
bom tom.
Venho de longe, a instalar-me nos
recintos
À cata de vinho e mulheres
Pois que, asseguro, tenho o dom
De possuí-las por essência e fixar
residência
Em seus corpos, tê-las no todo e em
seus focos,
Tomar-lhes o espiritual e dar-lhes a
carne minha
Do crepúsculo, já à tardinha, ao dia
que raia com o sol matinal.
Revelo, porém, desde já, que assumo
(mal feito, mal feito está),
Matei com apuro e resumo as sete esposas
que tive.
Atesto, sem reclamar, nem por deslize,
o que fiz a cada uma,
Pois que os extremos vieram se aninhar
a mim no destino de matar
E o fim de todas elas teve sim a marca
do que é livre.
A mim se entregaram de bom grado,
vindas de carro ou montadas num asno.
Tiveram todas fins comuns, pois
morreram todas
Com algum tipo definido de orgasmo.
- A primeira, teve fim na força
descomunal das mulheres sem freio, fogosa:
Das que perdem o arreio e se mata
porque goza.
- A segunda, bateu-se estrebuchando,
num espasmo profundo,
A cabeça à ponta da cama. Findo o gozo,
findo o mundo.
- A terceira, rameira... gozava de
amar, vivia de dar
Morreu assada, depravada, de tanto
gozar a noite inteira... em plena quarta-feira!
- A quarta, gemia pouco, gozava muito,
mal se ouvia, a pudica
Explodiu por tal pressão,
estremelicando à louca até o banheiro, perto da bica.
- A quinta, invasora, tinha ganas de
macho. Queria-me mulher.
Dei-lhe um garrote, e comi-la em pé.
Gozou até a morte, de olho num serrote
Que se via bem ali, junto a parede, no
sopé.
- A sexta, miúda, nem cabia em si.
Cristalina, urrava em uníssono com os pássaros,
Cantolava e bebericava vinho à
croissants. Morreu engasgada entre dois ou três ham-hãns.
- A sétima, morreu a mais de um ano.
Comi-lhe a cona e o culo... fodi-lhe dias e dias sem sossego.
Dia e noite, nos domingos e feriados.
Parei por ocasião do Natal, chamou-me de viado.
Dei-lhe um tiro nas fuças. Também sou
humano.
Eis que narrada minha trajetória,
espero aqui também fazer história.
Não procuro mais esposas, mas não nego
a espada que porto em aventuras,
Envergada e cintilante, em riste e de
consistências duras.
Aviso aos confrades dessa aldeia de
gentis, estou de passagem, mas consolado.
Ergo minha taça, cumprimento às moças e
aviso aos moços,
Sinto-me honrado pelo tempo que estiver
aqui ao lado.
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