domingo, 10 de junho de 2007

Alguns motivos para ler Cem Anos de Solidão



Gabriel García Márquez fez de Cem Anos de Solidão um paradoxo, por contar uma história de memórias em vidas que seguem rumo à descontinuidade e ao esquecimento, pela impossibilidade de amar de forma duradoura. Entre alegorias, momentos de uma realidade fantástica e o cotidiano quase comum, que sentimos envelhecer junto com os membros da família Buendía, a cidade de Macondo nasce, cresce e definha no espaço de um século. O tempo se materializa como o narrador invisível da efemeridade de pessoas que se desfazem pelo ar, de uma Insônia/praga que anuncia sutilmente não haver descanso presente ou vindouro para os que ali vivem, de nomes que se repetem a cada geração como se tentassem congelar a existência numa tradição sem substância. Um livro de memórias imaginadas, tão fugazes como só a imaginação é capaz de ser, mas que se tornou real em vivências imateriais, entre a intensidade daquilo que foi quase amor, por ser paixão, e de paixões que duraram mais de que o tempo de vidas inteiras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário