Gabriel García Márquez fez de Cem Anos de Solidão um
paradoxo, por contar uma história de memórias em vidas que seguem rumo à
descontinuidade e ao esquecimento, pela impossibilidade de amar de forma
duradoura. Entre alegorias, momentos de uma realidade fantástica e o cotidiano
quase comum, que sentimos envelhecer junto com os membros da família Buendía, a
cidade de Macondo nasce, cresce e definha no espaço de um século. O tempo se
materializa como o narrador invisível da efemeridade de pessoas que se desfazem
pelo ar, de uma Insônia/praga que anuncia sutilmente não haver descanso
presente ou vindouro para os que ali vivem, de nomes que se repetem a cada
geração como se tentassem congelar a existência numa tradição sem substância.
Um livro de memórias imaginadas, tão fugazes como só a imaginação é capaz de
ser, mas que se tornou real em vivências imateriais, entre a intensidade
daquilo que foi quase amor, por ser paixão, e de paixões que duraram mais de
que o tempo de vidas inteiras.
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