O cinema está morto, diz o britânico Peter Greenaway. Diretor de "O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante" (1989), "A Última Tempestade" (1991) e "O Livro de Cabeceira"
(1995), todos disponíveis em DVD no Brasil, ele veio a São Paulo nesta
semana para fazer uma palestra da série Fronteiras do Pensamento.
Greenaway acredita que o cinema narrativo (aquele que se limita a
contar histórias, como se fosse um romance, muitas vezes recorrendo mais
à palavra do que às imagens) já deu o que tinha para dar, e que o
audiovisual precisa começar de novo, a partir do zero.
Faz tempo que Greenaway bate nessa tecla. Para ele, os filmes
realizados hoje por um diretor como Martin Scorsese são essencialmente
idênticos aos realizados, há quase um século, por D. W. Griffith, com
atualizações de caráter tecnológico, mas pouca variação na linguagem.
Os projetos nos quais Greenaway tem se envolvido, nos últimos anos,
demonstram sua inquietude em relação aos limites do cinema convencional.
Esses limites incluem, na sua análise, a falta de interatividade e a
obrigação de ficar sentado em uma sala escura, olhando para a tela, por
duas horas. Muito aborrecido, afirma ele.
Óperas, instalações interativas e filmes que exploram os recursos
digitais para a sobreposição de imagens são algumas das tentativas
recentes de Greenaway na exploração de novos territórios para o
audiovisual.
O cineasta inglês não parece estar sozinho em seu julgamento do
cinema narrativo convencional. O investimento da indústria
norte-americana em superproduções 3D demonstra que também ela está
preocupada com o possível esvaziamento do cinema como negócio tal como o
conhecemos desde a década de 1930.
Preocupada em oferecer novos atrativos para tornar mais atraente a
experiência cinematográfica, sobretudo para as novas gerações, a
indústria começa agora a experimentar a projeção 4D. Desta vez, o ganho
não aparece na tela, mas na poltrona, que se movimenta de acordo com a
ação do filme, como já acontece em pequenas salas e brinquedos de
parques de diversão.
A jornalista Helen O'Hara, da revista britânica "Empire", assistiu a uma exibição de "Os Vingadores" em 4D, e diz que achou a experiência estranha, embora reconheça que ela possa ser interessante para muita gente. Clique aqui para ler o texto (em inglês).
Para avançar nesse caminho, a indústria precisaria fazer um
investimento grandioso para reequipar as salas de exibição. E, claro,
abastecer o mercado regularmente com filmes que se prestassem a essa
experiência. Ou você imagina "O Artista" em 4D, com a poltrona balançando sempre que o cachorro do protagonista sair em disparada?
Por Sérgio Rizzo | Ultrapop – ter, 8 de mai de 2012
Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/blogs/blog-ultrapop/depois-3d-o-cinema-4d-215041748.html
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