Por Marcelo Lopes
Se podemos
dizer que o mundo hoje não é compreendido da mesma forma que há vinte, trinta
anos, pensar igual a todo mundo indica duas explicações: ou você é consumidor
consumível ou é um consumidor produtor. Na primeira categoria se inserem
aqueles que, pelos motivos mais diversos, se encaixam na descrição de Oscar Wilde, que “viver
é a coisa mais rara do mundo (...) a maioria das pessoas apenas existe”. Entre
estes, estão os que invariavelmente de fato não pensam sobre sua condição
humana e social, estão à margem das iniciativas e se deixam levar pelas
conjunturas. São os que se mantêm antigos dentro do contexto atual: consomem o
que lhe são oferecidos, sem pensar de onde vem, pra onde vai, os porquês, os
lugares, os reflexos e, por isso mesmo, seguem consumindo e bailando tontamente
na onda das novelas, dos cortes de cabelo, das músicas da vez, nas opiniões de alheias,
repetindo no bate-papo diário os hits da internet com uma veemência tão aguda
como uma palavra de ordem. Vivem no lugar mental onde ter é melhor que ser. Consomem
e são consumidos na mesma proporção e velocidade. Falta-lhes acesso ou, o que é
pior, a opção por educar-se. Basicamente.
No
outro lado do muro, estão os que se predispõe a entender o que lhes sai da boca
e, principalmente, o que lhes chegam ouvido adentro. Tendem a querer entender
de que lugar fluem suas opiniões, o que os influenciam e, em maior ou menor
grau, percebem que nos últimos vinte ou trinta anos, o mundo deu uma guinada no
acesso a informação, essa sim, capaz de gerar mudanças humanas.
Conceitos
tão em voga hoje como interatividade e compartilhamento tornam o acesso à
informação, pelos suportes tecnológicos, uma realidade capaz de ofertar um
universo de percepções. Por causa desses novos modelos é possível ter contato
com todo tipo de produção individual e coletiva que até poucas décadas atrás
era monopólio de grandes estruturas: gravar discos sem gravadoras, fazer filmes
sem produtoras, publicar sem editoras, fotografar sem ter laboratórios,
divulgar sem rádios ou TV’s e daí em diante. Não importa qual seja o conteúdo,
dominar essa nova linguagem permite um trânsito mais próximo entre que se
manifesta e seu público consumidor. É nesta larga diferença que se manifestam
com maior frequência e fluidez os consumidores produtores, indivíduos que não
deixaram de consumir a gama de produtos viabilizadas pela lógica do capital
(mídia, industrializados, conceitos), mas teram, pela experimentação da sua
própria voz e de seus afins, a possibilidade de refletir sobre o que consome.
Programação traz também espaço para reflexão |
No
que nos interessa diretamente, essa nova trajetória também é o que alarga os
caminhos para a produção criativa. A novidade dos conceitos gera outros
formatos na produção cultural, integra a lógica das políticas públicas, agrega
esforços, solidariza-se com ideias afins, democratiza opiniões, propõe
conceitos, informa, congrega, modela.
Nos
dias 13 e 14 de Dezembro, o Festival Avuador – música e processos colaborativos traz, além da sua programação musical com nomes destacados do
circuito independente nacional (veja aqui), discussões abertas sobre esses
novos modelos.
As
mesas- redondas acontecerão no espaço do Viela Sebo Café, em Vitória da
Conquista, das 17h às 18h. Espaço aberto para opiniões diversas de quem
consome, é consumido, produz e é produzido.
Veja a
programação E PARTICIPE:
MESA 1: “PLATAFORMAS PERMANENTES PARA CIRCULAÇÃO ARTISTICA”
Dia:13.12.12
Horário: 17 às 18h
Participantes:
Vince de Mira e Fernando Mariano (Espaço Commons)
Maris Stella Schiavo (Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima)
Euvaldo (Viela Sebo Café)
Luciano Mattos (IBahia)
Larissa Uerba (Rede Motiva)
Manno Di Souza (Rede Motiva)
Gilmar Dantas (Fora do Eixo)
MESA 2: “COMUNICAÇÃO, REDES DE IDENTIDADE E PRODUÇÃO DE NOVOS CONTEUDOS”
Dia:14.12.12
Horário: 17 às 18h
Participantes:
Luciano Mattos (IBahia)
Rafael Flores (O Rebucetê)
Marcelo Lopes (Sintoma de Cultura)
Fernando Mariano (Inmagimna)
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